quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Cavalos poupados na vistoria do gado

Em uma área localizada a 22 quilômetros de Uruguaiana, em direção à Barra do Quaraí, o gado da Estância Florão já está acostumado com o ronco do motor das motos. Há dois anos, o veículo é utilizado, pelo menos, duas vezes por semana, para vistoriar e contar os 319 animais que estão nos 435 hectares de Luiz Fernando Simonetti. O criador comprou uma TT-R 125, da Yamaha, para agilizar o serviço. A moto só circula dentro da propriedade e é utilizada para poupar os equinos. "À cavalo, eu demorava pelo menos cinco horas para percorrer 20 quilômetros com o gado. De moto, são no máximo duas horas. Não é questão de substituição. O cavalo segue indispensável para a lida de mangueira, para laçar um animal", explica. O barulho da moto, que poderia ser um empecilho para sua utilização junto aos animais, não interfere na rotina dos animais segundo ele. "No início o gado se assusta, mas, ao criar uma rotina, ele aprende e não temos mais esse desafio. O segredo está em saber o que utilizar, para quê e em qual momento", recomenda. 

Embora contribua no andamento das tarefas, as motos não substituem os equinos. Geralmente, os animais que não apresentam condições para participar em eventos ou exposições, são absorvidos no trabalho da fazenda. "É com o cavalo que levo o gado para o brete, por exemplo. A moto agiliza o trabalho só quando o animal não é necessário e, por isso, é mais utilizada para o gado solteiro, de engorda", conta Simonetti. O diretor técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC) e da Cabanha A Tala, de Dom Pedrito, Gilberto Loureiro de Souza, explica que os cavalos são essenciais, por exemplo, na rotina de atenção ao gado bovino e ovino, principalmente nos períodos de parição, nos quais a revisão se intensifica para evitar perdas de terneiros, ocasiões em que o barulho das motos seria prejudicial. "As fêmeas mais jovens são revisadas de três a quatro vezes por dia. Na sequência do ano, temos um ciclo de atividades e obrigações sanitárias a cumprir, como aplicação de vermífugos, vacinações, identificação individual e outros manejos corriqueiros."