sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Era uma madrugada fria e eu estava saindo de um desses cafés 24 horas, quando se aproximou de mim uma criança, sem nome e sem rosto:
- Tio, começou a falar aquela pirralha que, com certeza, não era minha sobrinha.
Mecanicamente, peguei no bolso uma nota de dois reais, entreguei à garota, entrei no carro e saí, furando a fria neblina daquela noite tipicamente paulistana, em direção à Av. Paulista.
Na esquina das avenidas 9 de julho e Brasil um farol bloqueou meu caminho e logo estava lá, ao lado do carro, um menino sem rosto e sem nome, batendo levemente no vidro.
Coloquei a mão no console do carro, peguei uma moeda, abri uma fresta, bem pequenina, na janela – o local era escuro e perigoso – e consegui passar a moeda para o guri, enquanto já acelerava o carro aproveitando o farol que anunciava que eu podia seguir tranquilo o meu caminho.
Comprei um jornal em uma banca próxima à rua Augusta e iniciei meu trajeto de retorno aos jardins. Um pouco antes da esquina da Haddock Lobo com a av. Paulista, mais um farol bloqueou meu caminho.
Vi quando outra criança, sem rosto e sem nome, saiu da guia da calçada, onde estava sentada e veio em direção aos carros parados. Torci para que não viesse até meu carro. Afinal, havia mais cinco companheiros de volante.
Mas ela veio. Parou junto à minha porta e disse:
- Tio!
Fingi que não era comigo e folheei o jornal que acabara de comprar.
Ela insistiu:
- Tio!
Procurei nas páginas esportivas as notícias sobre o Grêmio.
A pestinha bateu no vidro.
- Tio!
Nervoso, joguei o jornal no banco ao lado, abri a janela e exclamei:
- O que você quer, pô?
- O senhor tem uma caneta?
Pensei não ter entendido e pedi que repetisse a pergunta.
- O senhor tem uma caneta? – repetiu.
Atordoado, procurei uma caneta no porta-luvas, enquanto olhava para aquela menina ao lado do meu carro.
Devia ter lá seus nove anos. Tinha os olhos grandes e bem pretos, desses dizemos serem “de Jabuticaba”. Os cabelos eram castanhos claros, com cachinhos que se estendiam até a linha dos ombros. Tinha a bochechas salientes, não grandes demais, mas dessas que a gente sente vontade de beliscar ou até morder se a criança faz parte do nosso pequeno círculo familiar.
Perguntei-lhe o nome.
- Carolina!
Entreguei a caneta à Carolina. Segurou-a com a mão esquerda e, com a mesma mão, puxou levemente a camisetinha rota, um pouco furada, branca e encardida.
Com a direita, retirou de dentro um bloco de papel. Olhou para mim, abriu um imenso e lindo sorriso, mostrando aqueles dentes felizmente brancos e inteiros. Saiu andando compenetrada, rabiscando com a caneta o amassado bloco de folhas.
E eu fiquei lá, olhando para aquela menina que se afastava, caminhando com os pezinhos descalços naquela noite fria e garoenta, sem importar-me com o farol aberto e com os carros que buzinavam atrás, reclamando da minha indiferença e falta de respeito às leis do tráfego.
Voltei algumas vezes à mesma esquina, mas nunca mais vi a criança e não pude lhe dar as roupinhas, os livros infantis e os cadernos que desde então deixo em um pacote atrás do meu banco de motorista.
Agora que está chegando o Ano Novo, comprei um presentinho: bombons e barrinhas de chocolate. São desses que não custam quase nada e que ficam ao lado do caixa do supermercado. Deixo-as no porta-luvas.
Quem sabe ainda encontro a Carolina, entrego os presentes e digo com carinho: “Feliz Ano Novo!”.
 Enquanto isso não acontece, quando vejo que não há perigo, tenho surpreendido algumas crianças retirando da cartola os presentinhos.
Talvez você possa imaginar o rostinho que elas fazem, de surpresa, alegria e encantamento.
Você também pode imaginar como sorri a alma da gente!
Por que você não tenta fazer o mesmo em 2011?
Quem sabe você encontra a Carolina por mim?

Airton Gontow, jornalista

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Vencedor do Ídolos volta à terra natal

Giovani Jauris, Edson Penteado, Israel Lucero e Everaldo Jacques
O que era para ser um sonho acabou por se tornar realidade após ver um anúncio na televisão. 
Aos 18 anos, Israel Machado Lucero não tinha a dimensão do que se tornaria sua vida em 2010. Ainda era março e ele se inscreveu no programa Ídolos, da Rede Record. Ao todo, programa a programa, Israel foi superando as etapas, e no final, superou outros 43 mil inscritos e conquistou o prêmio de ser o melhor.
Apesar da representatividade do momento e do que a conquista lhe trouxe, um dos momentos mais marcantes de tudo foi cantar ao lado de seu ídolo, Daniel. “Tremi ao lado dele”, confidenciou. Mas tremer foi pouco para o que representou a conquista ao pequeno menino que se tornou grande entre os intérpretes brasileiros inscritos no programa apresentado pelo ator Rodrigo Faro.
Hoje, após lançar seu primeiro cd em dezembro, Lucero se prepara para iniciar sua turnê nacional, em Belém do Pará, em janeiro. “Depois, o céu será o limite”, garantiu. Israel espera agora receber um convite para cantar em sua terra, Uruguaiana. Aqui venceu a Califórnia Petiça Internacional, em 2007. “Ainda era gordinho, mas me marcou muito participar daquele festival”, lembra.
Nesta quinta-feira (30), Israel Lucero estará participando do programa “Bom Dia Cidade”, na rádio El Shadday 104.9 FM, apresentado pelo jornalista Everaldo Jacques. Israel contará sua trajetória, medos, aflições e conquistas. Uma conversa aberta e cheia de mensagens. Um presente de final de ano para a grande audiência da emissora. A partir das 7h30min. 


sábado, 25 de dezembro de 2010

Presidente Lula tem dados utilizados por estelionatários


Após invadirem o sistema da Previdência Social, hackers acessaram o cadastro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com os dados de sua aposentadoria conseguiram fazer dois empresários consignados no Banco Panamericano.nvestigações iniciadas em setembro de 2007 pela Polícia Federal chegaram à conclusão que o golpe foi aplicado via Internet, por hackers em Uruguaiana. Concluída a investigação em Brasília,o caso foi passado para a Justiça Federal que por sua vez, encaminhou para o Estado. Foram apurados inclusive os nomes dos beneficiários. Porém, por solicitação do promotor Rodrigo Vieira, por enquanto, os nomes não foram liberados.De acordo com Vieira, o inquérito não está em "Segredo de Justiça e está sendo conduzido pela Polícia Civil de Uruguaiana.A Promotoria Pública busca agora, com a Polícia Civil, montar o quebra-cabeça em torno do Crime de Inserção de Dados Falsos em Sistema de Informática. Os dois empréstimos efetuados em Uruguaiana somam pouco mais de R$ 5 mil. Para preencher os dados utilizados no cadastro, os fraudadores usaram palavrões no espaço destinado aos endereços dos beneficiários.

37ª Califórnia da Canção é adiada


A abertura oficial da Trigésima Sétima Califórnia da Canção Nativa, que estava marcada para hoje, não tem mais data definida para ocorrer.Problemas financeiros, como dificuldade de captação de recursos, inviabilizaram a realização do evento em 2010. A patronagem do CTG Sinuelo do Pago, responsável pela organização da festa, decidiu suspender a edição deste ano.O festival estava orçado em 300 mil reais. No final do mês passado, a Comissão Organizadora reduziu pela metade os valores a serem investidos e passou a contar com o apoio de 50 mil reais da Prefeitura. Mesmo assim, o festival não conseguiu sair do papel.
Com isso, perde a cultura do Rio Grande, que deixa de contar com a contribuição histórica do festival dos festivais; o público que acompanha há quarenta anos o evento que gerou a realização dos demais, e os artistas, que têm no palco da Califórnia a oportunidade de serem reconhecidos e valorizados pela criação musical.
O evento iniciou em 1971 e conta com a participação dos mais renomados compositores e intérpretes do Estado. A califórnia é responsável pelo surgimento de inúmeras canções memoráveis e de artistas que se consagraram ao longo dos anos. O palco do festival se tornou referência no nativismo gaúcho e, é, por decreto, patrimônio cultural do Rio Grande do Sul.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Uruguaianense vence o Açorianos 2010

O livro de poesia "Fim das Coisas Velhas", de Marco de Menezes Júnior, da editora Modelo de Nuvem, venceu o troféu da principal categoria do prêmio Açorianos de Literatura - O Livro do Ano. Esta é a primeira vez que o gênero poesia é contemplado com a premiação máxima, que destina além do troféu, R$ 10 mil ao ganhador. O prêmio, em sua 17ª edição, recebeu 192 inscrições. 
Menezes recebeu o troféu das mãos do secretário de Cultura de Porto Alegre, Sergius Gonzaga, na noite desta segunda-feira, no Teatro Renascença, durante a cerimônia de premiação. Outro troféu muito aguardado era o de Criação Literária - Conto, criado este ano para escolher a melhor coletânea de contos enviados pelos inscritos. O vencedor foi "Travessia - Quinze Contos Peregrinos", de Marcel Citro. Ele levou o troféu, R$ 10 mil e terá sua produção publicada.
Natural de Uruguaiana e morador de Caxias do Sul, Marco de Menezes Júnior, de 42 anos, publicou "As Horas Dragas" em 1999, "Pés de Aragem" em 2007, "Fim das Coisas Velhas" em 2009 e este ano "Ode Paranoide". O livro vencedor do Açorianos, segundo o autor, "é um discurso poético contra a situação de absoluta impermanência, onde tudo é transitório e frágil". 
Os destaques do ano foram para a Editora Libretos, de Clô Barcelos e Rafael Guimarães e o Gauchão de Literatura (Lú Thomé e Rodrigo Rosp). Este ano não foram entregues os prêmios destaques para Mídia Impressa, Rádio e TV.