segunda-feira, 18 de abril de 2011

Médico critica administração da Santa Casa


Denúncias de assédio moral, óbito e intervenção pessoal na área técnica do Hospital da Santa Casa de Caridade foram alguns dos tópicos citados pelo médico Fábio Motta, responsável pelo Instituto do Coração (INCAR), em respostas dadas à Comissão Municipal de Saúde da Câmara de Vereadores de Uruguaiana, reunida nesta manhã (18), no plenário do Palácio Borges de Medeiros.
Fábio Motta contou aos vereadores detalhes  de todo o histórico em torno do setor, desde a criação do INCAR até o que aconteceu na semana passada, quando teve que chamar a intervenção do Ministério Público e da Polícia Federal, para que a sua equipe pudesse continuar trabalhando na área cedida para a sua localização, em acordo assinado pela Administração do Hospital da Santa Casa de Caridade (HSCC). “Se não tomássemos essa atitude, corríamos o risco de perder mais uma vida”, disse. Uma mulher estava com duas vias coronárias secundárias obstruídas e uma terceira, a principal, com quase a sua totalidade prejudicada. Caso não ocorresse o atendimento médico adequado, o caso dificilmente seria resolvido de forma positiva, segundo relato do cardiologista. De acordo com o que disse o médico, em decorrência dos problemas enfrentados com a Administração do Hospital um óbito foi registrado no período.
Além disso, Motta falou que funcionários ligados ao INCAR teriam sofrido assédio moral em diversos momentos, gerando um clima instável no setor dirigido por ele. “Funcionários são ameaçados de demissão caso prestem auxílio ao INCAR”, exclamou.
Sobre sua demissão, Motta credita a rota de colisão entre sua atuação no INCAR e a da administradora da Santa Casa de Caridade, Ana Dellito. Motta teria relatado inúmeras incorreções em procedimentos administrativos que geraram dificuldades em todo o complexo.
A gota da água de sua boa relação com o prefeito Sanchotene Felice teria ocorrido quando da presença de uma comissão do Conselho Regional de Medicina (CREMERS), em Uruguaiana, para averiguação de diversas situações ocorridas no Hospital, relacionadas a reivindicações de obstetras e plantonistas. Indagado à época, Motta teria levado ao conhecimento do CREMERS as situações de dificuldade que enfrentava. O fato gerou, segundo Motta, a antipatia de Felice.  
Depois disso, o Prefeito teria solicitado ao Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre, o afastamento do cardiologista, o que foi negado pelo responsável, Dr. Ivo Nesralla.
O secretário municipal da Saúde, Luiz Augusto Schneider, ex-presidente da Comissão Gestora do Hospital, acompanhou todo o depoimento de Motta.
O relato da reunião foi encaminhado a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada pela Câmara de Vereadores para que seja anexado aos documentos que estão sendo recolhidos pelos integrantes do grupo. A CPI da Saúde estará reunida na tarde desta terça-feira, com a participação do presidente do Conselho Municipal de Saúde, Renato Correa. Ele disse que já sabia das denúncias de assédio moral no HSCC e que estão sendo alvo de investigação na Justiça do Trabalho. 
Confira na íntegra o áudio da reunião: