segunda-feira, 1 de março de 2010

O primeiro terremoto a gente nunca esquece

San Juan, capital da província que leva o mesmo nome, é uma cidade argentina que serve de exemplo para o mundo pelo carisma e pela capacidade de reconstrução de seu povo. Em 1944, um terremoto destruiu por completo esse lugar.
Hoje em dia, San Juan acostumou-se com pequenos abalos sísmicos e preparou-se para enfrentar um tremor de terra, com prédios construídos com estruturas prontas para suportar tragédias naturais como a de um terremoto.
Na madrugada de sábado passado, o mundo voltou suas atenções ao que ocorria no Chile, com um grande terremoto, de 8,8 graus na escala Richter, destruindo a cidade de Concepción. O mesmo abalo foi sentido em diversos pontos do mundo. Muito mais nas proximidades. E novamente San Juan, onde estávamos fazendo a cobertura da Festa Nacional do Sol foi testemunha de um abalo. Os sanjuaninos foram atingidos com 6,8 graus e, nós, surpreendidos pela experiência de vivermos um terremoto de tamanha intensidade.
No momento do "temblor", como dizem os argentinos, estávamos exatamente a frente do palco onde se apresentavam Soledad e los Nocheros, grupo que canta o folclore do vizinho país. Em determinado momento do espetáculo, a surpresa. Tudo sacudia, inclusive a estrutura onde estavam os artistas. Em um primeiro momento não acreditei. Em outro, olhava, incrédulo, a platéia que avisava aos "cantantes" que o palco de movia. A multidão, que até aquele momento só aplaudia, avisou sobre o perigo. E manteve-se imóvel. Esperando passar o momento do tremor, pois já está preparada para casos do gênero.
Em seguida, o show continuou e os aplausos foram ainda mais contagiantes, pois se viveu uma histórica experiência em que o público deu exemplo de como se portar em momentos de extrema instabilidade, os artistas de absorverem o impacto de um tremor em pleno palco e, para nós, de sentirmos o chão tremer sem sabermos exatamente o que estava acontecendo.
Isso tudo em San Juan, aquela mesma cidade que foi destruída por uma tragédia natural que a fez ressurgir e a dar uma resposta positiva a uma manifestação da natureza. A Cordilheira viu. E apladiu a reação. Nós, contagiados, absorvemos a lição e a reproduzimos.
Fica a eterna lembrança da recepção, estada e do exemplo de patriotismo exibido pelos argentinos no grande show de encerramento da Festa Nacional do Sol, que estaremos contando neste espaço e no Canal 20 Onde Uruguaiana Se Vê e na Telediez, junto com Mariela Altamirano, no próximo final de semana.
Da editoria - Everaldo Jacques
Enviado Especial a San Juan a convite da Província de San Juan.