segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Licença antecipada cria problemas no Porto Seco Rodoviário

Na fronteira oeste do Rio Grande do Sul, a velha rivalidade entre dois vizinhos sai do campo de futebol e vai parar nas aduanas, gerando um prejuízo de grandes proporções ao setor dos transportes, dificultando ainda mais, um relacionamento difícil, que se desestabiliza de tempos em tempos, quando o interesse de um vai contra o de outro. Hoje, a queda de braço comercial entre o Brasil e a Argentina poderá ocasionar problemas ainda maiores para o consumidor brasileiro, onerando, por exemplo, o preço final do pão. Quase mil caminhões estão parados em Uruguaiana, a maioria, pela exigência da Receita Federal de uma licença antecipada de ingresso no país. Uma retaliação a medidas protecionistas já adotadas do lado argentino.

O Porto Seco de Uruguaiana com capacidade para receber cerca de 800 caminhões tem hoje estacionados em seu interior 720 veículos. Essa situação vem gerando um atraso muito grande na liberação das mercadorias nos setores de exportação e importação. O caminhoneiro Gilmar Ferreira Blanco está a cinco dias no Porto Seco, sem saber quando será liberado.Há cerca de dez dias a Receita Federal vem seguindo as normas definidas pela Secretaria de Comércio Exterior. Com isso, todos os trâmites alfandegários vêm sendo realizados de uma forma lenta gerando entraves dos dois lados.
O procedimento de transbordo da mercadoria para vagões ferroviários brasileiros - medida necessária porque a bitola dos trens argentinos é diferente - e emissão da licença habitualmente demoraria 48 horas, observou o gerente do Porto Seco ferroviário, que é operado pela América Latina Logística (ALL), Miguel Angelo Evangelista Jorge. "A informação que temos é que falta anuência da licença de importação", disse Jorge.
O Brasil decidiu adotar licenças não automáticas para determinados produtos argentinos. Com a demora maior na liberação, a medida começa a prejudicar o fluxo de transporte de outras mercadorias, explicou Jorge, o que tem levado a operadora a segurar o envio de algumas cargas em Paso de los Libres, no lado argentino.