quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

BM apura ação em território uruguaio

Indignação é o sentimento do aposentado Leon Denis da Silva Brum, 45 anos, detido em território uruguaio, nas Termas de Arapey, a 173 quilômetros de Uruguaiana, sob a acusação de ser narcotraficante. Às 16h de domingo passado ele recebeu voz de prisão de um soldado da Brigada Militar que estava acompanhado por um policial uruguaio à paisana. O PM serve no 1 Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira, com sede em Uruguaiana. Leon teria sido confundido com um foragido procurado por crimes no Brasil e no Uruguai. Ele denuncia que mostrou os seus documentos e dos familiares, mas o policial militar insistiu que poderiam ser falsos.

Acompanhado da esposa Cláudia e duas filhas de 8 e 10 anos, respectivamente, além da sogra, um primo e o cunhado, o cidadão foi conduzido à cidade uruguaia de Salto, 250 quilômetros de Uruguaiana. Ainda na saída das Termas, conforme Leon, um super aparato policial o aguardava, inclusive Interpol, sendo conduzido algemado à Chefatura de Polícia, onde ficou por mais de uma hora em um camburão. O drama teve sequência até 1h da segunda-feira, quando as autoridades constataram que prenderam o homem errado. A família retornou na terça-feira a Uruguaiana.
Na manhã dessa quarta-feira o vereador Mauro Brum levou conhecimento do episódio à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, que visitará a cidade par ouvir as partes envolvidas. Leo diz que na BM recebeu como resposta à queixa formalizada a informação de que o PM seria repreendido. O vereador diz estranhar o fato de um brigadiano ingressar em território uruguaio e contar com o apoio de autoridades do vizinho país para a ação arbitrária praticada contra a família.
O major Rodrigo Samanho França, que responde pelo comando do 1 Batalhão de Policiamento de Área de Fronteira, informou que, na terça-feira, foi instaurada sindicância para apurar todos os fatos que envolveram a prisão de Leon Brum. Segundo França, o soldado não estava fardado e não há comprovação de que estivesse armado. Leon não teria sido ouvido, já no retorno à cidade, em razão de os oficiais terem viajado a Porto Alegre acompanhar a posse do novo Comandante da BM.
Esse e outros fatos serão apurados em três semanas, prazo que os sindicantes dispõem para concluir o relatório. Neste período, serão ouvidos todos os envolvidos - denunciante, sua esposa, familiares, possíveis testemunhas e o PM acusado. França salienta que a BM tem interesse em esclarecer os fatos e adotar as medidas legais, se for o caso.


Fonte: Correio do Povo, 06.01.2011