quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Tamiflu a domicílio

-G1-

Equipada com máscara, óculos, touca e luvas, a enfermeira Sabrina Martins, 27 anos, levanta cedo todos os dias para administrar doses de Tamiflu a crianças com sintomas da nova gripe. Em Uruguaiana, ela é a única funcionária da Secretaria Municipal de Saúde a se responsabilizar pela difusão do antigripal entre os pequenos. Ela diz que não tem medo do contato direto com os pacientes. “Estou sempre protegida”, disse ela ao G1. “Para as crianças, o Tamiflu é dado em solução, como se fosse um xarope. É muito importante dar o remédio todos os dias na hora certa, de 12 em 12 horas. Além disso, minha função é acompanhar a recuperação das crianças, sempre verificando se elas continuam com febre e se estão demonstrando melhora.” O Tamiflu é vendido em farmácias, com receita médica. Por causa do avanço dos casos da gripe, toda a produção está sendo encaminhada para a rede pública de saúde.

De acordo com o Protocolo de Manejo Clínico e Vigilância Epidemiológica da Influenza do Ministério da Saúde, baseado em recomendações da Organização Mundial da Saúde, apenas os pacientes com agravamento do estado de saúde nas primeiras 48 horas, desde o início dos sintomas, e as pessoas com maior risco de apresentar quadro clínico grave serão medicadas com o Tamiflu.

O governo federal afirma que o uso indiscriminado do antiviral fosfato de oseltamivir (princípio ativo do Tamiflu) pode tornar o vírus A (H1N1) resistente ao medicamento, o que diminuiria sua eficácia.

Sabrina conta que, em Uruguaiana, os pacientes com suspeita da nova gripe são encaminhados ao serviço de saúde e lá são examinados pelos médicos, que determinam se o medicamento é ou não indicado. A decisão pela prescrição do Tamiflu é tomada com ou sem o resultado do exame laboratorial. As crianças que precisam do tratamento contam com o trabalho da enfermeira. Já os adultos recebem os comprimidos gratuitamente. Ao todo, 20 crianças que apresentaram sintomas da nova gripe são visitadas diariamente. O tratamento dura cinco dias, mas Sabrina afirma que em dois dias é possível notar diferença. “Já tive oito crianças que terminaram o tratamento totalmente recuperadas e estamos tratando as outras para chegarmos ao mesmo resultado. É muito bom acompanhar dia após dia a melhora de cada uma das crianças visitadas.” Enfermeira há quatro anos, ela fala que o atendimento a crianças, em sua maioria carentes, torna o trabalho mais especial. “É gratificante porque as pessoas estão nos recebendo muito bem em suas casas e parecem confiar cada vez mais no nosso trabalho.” Segundo a Secretaria de Saúde de Uruguaiana, até a tarde de terça-feira (4), 16 casos da nova gripe e quatro óbitos foram confirmados na cidade. No Rio Grande do Sul, foram registradas 29 mortes.