A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Uruguaiana atende hoje 298 pessoas de todas as idades. Muitas das crianças e adolescentes com deficiência intelectual que estudam na escola da entidade, ao concluir o tempo de aprendizado, seguem frequentando a instituição, onde têm atendimento médico. A verba do governo federal destinada às Apaes é a mesma há 19 anos. Para fazer frente à defasagem, Elda Perobelli, que administra a instituição há 30 anos, desde sua fundação na cidade, conta com o apoio da comunidade. A entidade já atendeu 1,2 mil crianças, adolescentes e adultos.
O pavilhão técnico, onde os beneficiados recebem atendimento médico e odontológico, foi construído pelo Rotary. A compra do piso do salão de fisioterapia, reformado há pouco, resultou de verba levantada por uma feira realizada com produtos doados pela Receita Federal. Além da estrutura de atendimento, a Apae conta com 18 funcionários, dois prestadores de serviço autônomos, uma confeitaria, e uma sala onde as mães das crianças fazem trabalhos manuais, trocam experiências e se confortam. "Muitas acabam esperando os filhos aqui, porque fica muito caro gastar passagem de ônibus de ida e volta todos os dias", conta Elda. "Os pais ainda são mais resistentes em participar, e o trabalho dificulta também."
Segundo a administradora da entidade, o período mais difícil foi o início. "Nós não estávamos preparados para dar um apoio contábil e burocrático para os doadores. Hoje, tanto doações de pessoa física quanto de jurídica contam com nosso auxílio para dedução fiscal", explica. As dificuldades não eram apenas administrativas. "Graças a Deus não tem mais preconceito", ressalta Elda, assinalando que o comportamento da sociedade e também da família mudou muito, e para melhor.
Apesar das limitações estruturais, ninguém fica sem assistência. Frente à realidade dos que precisam de cuidados especiais, Elda acredita que o maior desafio é a inovação. "O atendimento e a educação dessas crianças e jovens estão sempre sendo estudados e aprimorados, e nós precisamos acompanhar essa evolução", afirma. Alunos com grandes limitações conseguem, muitas vezes, devido ao tratamento, se tornar autônomos, conquistando uma melhor qualidade de vida. A Semana Especial da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, coordenada pela entidade na cidade, foi uma forma de lembrar à sociedade que existem crianças nessas condições e que há uma entidade precisando do apoio comunitário para atendê-las.
Fonte: Correio do Povo, 29.08.2010 - 13h34min
FRED MARCOVICI | fmarcovici@correiodopovo.com.br