sábado, 13 de novembro de 2010

Comissão vai apurar denúncias de uso inadequado de agroquímicos no interior


Uma comissão formada por engenheiros agrícolas, técnicos em aplicação de herbicidas e pelo vereador Luis Gilberto de Almeida Risso irá apurar as denúncias de uso inadequado de agroquímicos no interior do município. As primeiras propriedades a serem inspecionadas pela comissão estão nas localidades de Capela do Ipané e João Arregui, onde um grupo de produtores de hortifrutigranjeiros alega estar sofrendo prejuízos econômicos pelo uso inadequado de agrotóxicos nas lavouras de arroz.
A formação da comissão foi a principal sugestão aprovada pelos participantes da audiência pública que debateu o impacto dos agrotóxicos no meio ambiente e na saúde das pessoas. A audiência reuniu produtores do interior do município e representantes de entidades como Emater, Associação dos Arrozeiros, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí, Justiça Federal, Secretarias Municipais de Agricultura e do Meio Ambiente, Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto Riograndense do Arroz, empresas de aviação agrícola, pequenos produtores rurais e os vereadores Rafael Alves (PSDB), José Clemente Corrêa (PT) e Luis Gilberto de Almeida Risso (PMDB).
Segundo o engenheiro agrônomo João Carlos Batassini, da Emater, a aplicação inadequada dos herbicidas pode prejudicar pequenos produtores que estão apostando na diversificação da matriz produtiva do município. Para a agrônoma Cíntia Trojan, do Irga, o produto Gamitt mesmo sendo aplicado em condições ótimas sobre o solo, apresenta volatização e fica suspenso no ar, podendo ser deslocado pelo vento para outras propriedades rurais. “Mesmo em casos onde não há erro na aplicação, pode haver deriva do produto”, disse a agrônoma. O herbicida, apesar de ser apontado como o principal responsável pelo efeito identificado como “clorose” (embranquecimento das folhas), tem o uso considerado indispensável para a lavoura de arroz porque evita que plantas daninhas cresçam nas lavouras.
O presidente da Associação dos Arrozeiros, Walter Arns, considerou a audiência produtiva e esclarecedora. Segundo Arns, todos os produtores rurais podem ser atingidos por uma aplicação inadequada dos agroquímicos. Arns enfatizou que a Associação dos Arrozeiros está procurando treinar os trabalhadores das propriedades envolvidos com a aplicação terrestre de herbicidas. Neste ano, cerca de 100 pessoas foram treinadas.
Para o vereador Luis Gilberto de Almeida Risso, proponente da audiência pública, a primeira vistoria ocorrerá na próxima semana. O vereador pretende se deslocar até Ipané e João Arregui com técnicos do Irga e Emater para verificar as denúncias. Risso avaliou que a audiência foi produtiva. “Os próprios produtores sentem a necessidade de aumentar a fiscalização. Muitos pediram que a aplicação de agroquímicos no município seja regulamentada por legislação municipal, autorizando apenas empresas locais a aplicar o produto por terem treinamento”, avaliou. “Outro aspecto importante da audiência é que os técnicos tranquilizaram a população, afirmando que o herbicida não é prejudicial à saúde humana e está certificado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária”, acrescentou.
A Câmara de Vereadores de Uruguaiana irá encaminhar um documento ao fabricante do produto, solicitando pesquise uma nova fórmula do princípio ativo para diminuir a volatilidade do herbicida.